quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Cheiro de terra


hoje o  cheiro de terra
atirou-me de volta à infância:
pés descalços barreados
no barro branco do ribeiro
que descia a ribanceira
plácido, majestoso, ligeiro

camisa rota no peito:
magro, arfante, sonhador
olhos alagados de horizonte
desfolhando horas perdidas:

bem-me-quer... mal-me-quer...

tic tac! tic tac! tic tac!...

coraçãozinho balindo
na toada da cigarra
cheiro de terra molhada,
com requeijão no tacho
vaca chamando bezerro
passarada pipilando
na tardinha esmaecente
mutum, angola, galinha,
porco arando terra...

e esse cheiro de infância
sacudiu-me, sacudiu-me.

2 comentários:

Clarice Villac disse...

Poema que nos transporta... belíssimo !

Publicado em :

http://cantinholiterariososriosdobrasil.wordpress.com/2013/01/19/cheiro-de-terra-jose-mattos/

e também em :

http://sosriosdobrasil.blogspot.com.br/2013/01/cheiro-de-terra-jose-mattos.html

:~)

Jose Mattos disse...

Obrigado pela visita - volte sempre para tomar um café...

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