Acoitadas
pelo bafo de outono
Assisto
impassível
O
último voo das mortas folhas decaídas
súbito
desapego invade a alma
inércia
incita devaneios
aos
ouvidos chegam
soturnos
murmúrios longínquos
desvario
forja a alma aos lampejos
torpor
aos poucos me dilacera
os
sentidos me abandonam,
cães
vagabundos
sou
o que tudo vê, o que tudo sente
sou
um todo: nem pés, nem cabeça,
sou
único, ouço com os pés e vejo
a
tudo com todas as células.
sou
em todo vida e sentido:
sou
a chuva que viaja ferindo
rasgos
na terra.
raio
inflamado que cai
reluzindo
a floresta escura
sou
a própria floresta em chamas
sou
aquele boi que berra
temendo
de mim mesmo meu sacrifício
escondo-me
de min.
sou
a noite lasciva que seduz meu caminhar,
e,
caminhando em círculos,
perco-me
em mim mesmo.
desejo
com ambição o céu
vivo
ardentemente à terra!
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