sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O cerrado grita

O cerrado grita
nas garras dançantes da labareda
contorce-se sob o bafejo
infame do vento
garras irrompem no céu fumarento
e sobem estalando ossos
estrangulando gritos
o boi velho sofre, a garganta seca
com olhos inundados
de joelhos dobrados
muge sua melopeia.

Um comentário:

Anônimo disse...

A composição asséptica de pontuação não prejudica o ritmo do poema, que se impõe naturalmente, numa cadência em que o visual e o sonoro compõem um cenário desesperador.
O canto repetitivo do boi velho acompanha a declamação de um poema trágico, formado pelos estalidos das labaredas e pelos apelos do cerrado.
Parabéns ao autor por captar a essência de uma realidade tão avassaladora!

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