No meio da turba que vai e
vem rumorejante ergue-se uma mão macilenta, encrespada como se brotasse entre o
rejunte do paralelepípedo – gritando surdamente por socorro. A multidão
embalada num coro confuso de vozes passa apressado em todas as direções. Resvalam,
atropelam, mas ninguém vê ou finge não ver o sofrimento mudo estrebuchando estirado
no cimento.
Ela viera zumbindo,
quente, certeira e alojara-se traiçoeiramente em suas costas sem ao menos pedir
CPF ou permissão. Uma alma caridosa alivia de seu braço o peso do relógio, da
aliança. Com carinho outra revista cuidadosamente os bolsos. O sol cede espaço,
a noite compadecida sopra jornais relidos e amassados sobre o corpo enregelado,
encostado ao meio fio “assim não atrapalha o trânsito”.
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